como a fraude está se espalhando e enganando clientes em busca de ajuda jurídica
Nos últimos meses, o Rio de Janeiro tem registrado um aumento significativo de casos envolvendo o chamado “golpe do falso advogado” — uma fraude que usa o nome de escritórios ou profissionais reais para extorquir dinheiro de vítimas.
Segundo dados da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rio de Janeiro (OAB-RJ), dezenas de denúncias vêm sendo feitas semanalmente. Os golpistas entram em contato com pessoas que aguardam processos ou buscam orientação jurídica e se passam por advogados, solicitando depósitos antecipados para custas, taxas ou liberação de valores.
A fraude, que mistura engenharia social e uso indevido da imagem de profissionais legítimos, tem se tornado cada vez mais sofisticada — e requer atenção redobrada de clientes e escritórios.
Como funciona o golpe do falso advogado?
Os criminosos utilizam informações públicas sobre processos judiciais, disponíveis em sites dos tribunais, para entrar em contato com as vítimas. Em muitos casos, eles se apresentam com nome e número de inscrição reais de advogados registrados na OAB.
O golpe segue um roteiro comum:
- O estelionatário entra em contato por telefone, WhatsApp ou e-mail, fingindo ser advogado responsável pelo processo.
- Ele afirma que o cliente tem valores a receber, como indenizações, revisões previdenciárias ou restituições judiciais.
- Para liberar o dinheiro, solicita depósitos ou transferências em contas de terceiros, alegando se tratar de “custas processuais” ou “taxas de cartório”.
- Após o pagamento, o golpista desaparece e o verdadeiro advogado descobre o caso apenas quando a vítima procura esclarecimentos.
O crime se enquadra nos artigos 171 (estelionato) e 307 (falsa identidade) do Código Penal.
Por que o golpe tem feito tantas vítimas no Rio?
O principal motivo é o aumento de ações judiciais online e o acesso público aos dados dos processos.
Muitos cidadãos não conhecem os canais oficiais de comunicação da Justiça e acabam confiando em mensagens com informações aparentemente verdadeiras.
Além disso, os golpistas utilizam logotipos falsificados de escritórios, linguagem jurídica convincente e números de telefone com DDD do Rio de Janeiro, o que reforça a credibilidade da fraude.
A OAB-RJ e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) já emitiram alertas oficiais reforçando que nenhum advogado ou servidor do Judiciário pode solicitar pagamentos antecipados por mensagens ou aplicativos.
Como identificar um falso advogado?
Alguns sinais ajudam a identificar quando há tentativa de golpe:
- Solicitação de pagamentos via Pix ou transferência bancária para contas pessoais.
- Pressa ou tom de urgência na comunicação (“o prazo termina hoje”, “o valor será perdido”).
- E-mails ou mensagens com erros gramaticais, logotipos distorcidos e remetentes genéricos.
- Falta de contrato formal ou documento de representação.
- Ausência de registro válido no site da OAB (www.oab.org.br).
O cliente deve sempre confirmar os dados do advogado diretamente no portal da OAB e evitar enviar documentos pessoais sem verificar a autenticidade do profissional.
O que fazer se você for vítima do golpe?
Quem caiu no golpe do falso advogado deve agir rapidamente:
- Registrar boletim de ocorrência em uma delegacia ou pela Delegacia de Crimes Cibernéticos (DRCI-RJ).
- Comunicar imediatamente a OAB-RJ, informando o nome usado pelo golpista.
- Notificar seu banco sobre a fraude, solicitando o bloqueio das transferências.
- Guardar todas as provas: prints, e-mails, comprovantes e mensagens trocadas.
- Consultar um advogado de confiança para avaliar medidas civis e penais cabíveis.
Agende uma consulta jurídica para receber orientação sobre como registrar o caso e buscar reparação.
Como os escritórios de advocacia podem se proteger?
Os próprios escritórios e profissionais devem adotar medidas preventivas de reputação digital e segurança de dados, como:
- divulgar alertas oficiais sobre fraudes nas redes sociais e site institucional;
- usar e-mails corporativos com domínios verificados;
- evitar compartilhar dados de clientes em plataformas abertas;
- monitorar o uso indevido do nome do escritório na internet;
- registrar boletins de ocorrência quando houver falsificação de identidade profissional.
Essas ações ajudam a proteger não apenas os clientes, mas também a credibilidade da advocacia.
FAQs sobre o golpe do falso advogado
1. O advogado pode pedir dinheiro por WhatsApp?
Não. Advogados não solicitam pagamentos por aplicativos ou contas pessoais. Todo valor deve constar em contrato e ser pago por meios oficiais.
2. Como confirmar se o advogado é verdadeiro?
Consulte o número de inscrição no site da OAB (www.oab.org.br) e verifique se há escritório e telefone institucionais associados.
3. A Justiça pede depósitos para liberar valores?
Não. Nenhum tribunal solicita pagamentos diretos para liberar valores. Custas e taxas são recolhidas por guias oficiais emitidas nos processos.
4. O que fazer se o nome de um advogado for usado por golpistas?
O profissional deve comunicar à OAB e registrar boletim de ocorrência na DRCI-RJ para que a fraude seja investigada.
5. Posso recuperar o dinheiro perdido?
Depende da rapidez do bloqueio bancário. Em alguns casos, é possível reaver os valores por decisão judicial.
O golpe do falso advogado é um crime sofisticado que se aproveita da confiança e da falta de informação jurídica da população.
Tanto clientes quanto profissionais precisam manter atenção redobrada e adotar práticas seguras de comunicação e verificação de identidade.
A orientação é clara: nunca realize pagamentos sem confirmação direta com o advogado ou escritório.
Em caso de dúvida, procure ajuda jurídica especializada para registrar a ocorrência e proteger seus direitos.
O Escritório Nazareth & Santana, tem acompanhado de perto o aumento desses casos e faz um apelo à população.
“É fundamental que as pessoas desconfiem de qualquer contato que solicite pagamentos antecipados ou dados pessoais em nome de processos judiciais”, afirma o Dr. Paulo Roberto Santana, reforçando que “nem o nosso escritório, nem o TJRJ, a OAB ou qualquer outro órgão de direito, solicita valores por meio de ligações de terceiros ou links suspeitos.”
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