Escolher o momento certo de se aposentar exige planejamento e conhecimento das regras.
Desde a Reforma da Previdência (Emenda Constitucional nº 103/2019), o sistema previdenciário brasileiro passou por mudanças importantes, criando novas modalidades de aposentadoria e regras de transição para quem já contribuía antes da reforma.
Entre as dúvidas mais comuns está a diferença entre aposentadoria por idade e aposentadoria por tempo de contribuição — e, principalmente, qual delas oferece o melhor benefício.
A resposta depende do histórico de cada segurado: tempo de contribuição, idade, gênero e data de entrada no Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
Aposentadoria por idade: o que é e quem tem direito
A aposentadoria por idade é uma das modalidades mais tradicionais e acessíveis, voltada a quem atinge determinada idade mínima, mesmo sem ter completado longos períodos de contribuição.
Regras atuais (pós-Reforma da Previdência):
- Mulheres: 62 anos de idade e 15 anos de contribuição;
- Homens: 65 anos de idade e 15 anos de contribuição.
Para quem já contribuía antes da reforma, há regras de transição — como a regra de pontos e o sistema progressivo de idade mínima, que aumentou gradualmente até chegar aos atuais limites.
Quando vale a pena:
A aposentadoria por idade costuma ser vantajosa para quem começou a contribuir mais tarde ou teve períodos longos sem registro formal.
É uma opção segura para quem alcançou a idade mínima, mas não completou o tempo necessário para se aposentar por contribuição.
Aposentadoria por tempo de contribuição: o que mudou
Antes da reforma, era possível se aposentar somente pelo tempo de contribuição, sem exigência de idade mínima.
Isso mudou em 2019: a aposentadoria exclusivamente por tempo de contribuição foi extinta para os novos segurados, sendo mantida apenas para quem já estava filiado ao INSS até a data da reforma, por meio de regras de transição.
Regras de transição (para quem contribuía antes de 13/11/2019):
- Sistema de pontos (regra 86/96 progressiva):
- Soma da idade + tempo de contribuição.
- Em 2025, exige 91 pontos para mulheres e 101 para homens.
- Idade mínima progressiva:
- Exige 30 anos de contribuição (mulher) ou 35 (homem) e uma idade mínima que aumenta a cada ano.
- Pedágio de 50% ou 100%:
- Voltado a quem estava perto de se aposentar quando a reforma entrou em vigor.
Quando vale a pena:
A aposentadoria por tempo de contribuição tende a ser mais vantajosa para quem começou a trabalhar jovem e possui longos períodos de contribuição ininterrupta.
Nesses casos, o valor do benefício pode ser maior e alcançado antes da aposentadoria por idade.
Diferenças principais entre as duas modalidades
Critério | Aposentadoria por Idade | Aposentadoria por Tempo de Contribuição |
---|---|---|
Base legal | Art. 201, §7º, CF e EC 103/2019 | EC 103/2019 – Regras de Transição |
Idade mínima | 62 (mulher) / 65 (homem) | Progressiva – varia conforme o ano |
Tempo mínimo de contribuição | 15 anos | 30 (mulher) / 35 (homem) |
Cálculo do benefício | 60% da média de salários + 2% por ano extra de contribuição | Regra semelhante, com fator previdenciário em algumas transições |
Indicação | Para quem começou a contribuir mais tarde | Para quem tem longo histórico de contribuição |
Como saber qual é a melhor opção
A escolha entre uma modalidade e outra depende de uma análise individualizada, considerando:
- tempo total de contribuição registrado no CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais);
- idade atual e expectativa de progressão das regras;
- média dos salários de contribuição;
- possibilidade de complementar contribuições como segurado facultativo.
O ideal é realizar um planejamento previdenciário — cálculo que simula os valores e as datas possíveis para o benefício, permitindo escolher a opção mais vantajosa financeiramente.
A aposentadoria é um direito conquistado ao longo de anos de trabalho e contribuição, e entender as modalidades disponíveis é o primeiro passo para garantir um benefício justo e adequado à sua realidade.
Enquanto a aposentadoria por idade oferece acesso mais amplo, a por tempo de contribuição pode garantir valores mais altos para quem tem histórico de contribuição contínuo.
Em todos os casos, informação e planejamento são as melhores ferramentas para tomar uma decisão consciente.